Saudades de ti.

Agora estou tão pouco tempo com ela. E é tão difícil.

Não gosto de estar longe das minhas pessoas. Não sei, sinto que se acontecer alguma coisa eu quero estar lá. É estúpido, porque há situações em que não podemos fazer nada. Mas não importa, saber que podem precisar de mim e eu não estou lá aterroriza-me. Já com o tio foi o mesmo. Gostava de ter estado lá no momento da partida. Gostava que tivesse havido a despedida (o que é igualmente estúpida - a despedida).

És a melhor pessoa do mundo, mãe. Para mim é, sem dúvida alguma, a maior heroína deste mundo. Eu sou doidinha pelo meu pai, e somos tão parecidos. Mas a minha mãe é a minha rainha. Sou apaixonada por ela. Fascina-me cada palavra que diz, cada gesto que tem. Às vezes está a falar com outras pessoas e eu fico deliciada a olhar para ela. É tão cuidadosa, tão meiga.

Não gosto que chegue tão tarde a casa. Ainda não chegou, vejam só. Trabalha tanto para não ser recompensada. Ajudo-a no que posso. Mas gostava de contribuir mais. Se tudo correr bem, no futuro ajudá-la-ei.

Quando chegar a casa vou abraçá-la muito. Muito mesmo. Ela merece. Gostava de lhe dar tudo de bom. Gostava que ela tivesse uma vida mais justa. Que não trabalhasse até estas ingratas horas.

Quero os meus pais e o meu irmão para toda a vida, não me imagino sem eles.

Devo-lhes tudo. Já repararam? O que somos, o que temos, devemos aos nossos pais.

Ela sabe sempre o que fazer. E é tão perfeccionista. Sabe exactamente como estamos olhando apenas para os nossos olhos, conhece a nossa alma melhor do que ninguém. Dá sempre o seu melhor. Mãe é a palavra mais bonita que consta no meu dicionário. Mãe é aquela pessoa que nos cria, que nos aconchega em noites de frio, que nos alimenta, que nos dá a conhecer o mundo lá fora, que nos alerta para os perigos da vida. Mãe é aquela pessoa sem a qual não consigo viver.

Tudo começou no dia 6 de Agosto de 1969. Chama-se Paula. E é linda.