quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Dança, bailarina, dança, nao te canses de girar.

Guarda na caixa de memórias as promessas que construímos em tardes frias de Inverno. Guardo-as são nossas, estão atadas com laços firmes que nunca ninguém ousou desatar. Estão escondidas no sótão e esquecidas com o tempo. Lá está também outra caixa a caixa de música com a bailarina que roda sobre ela mesma em movimentos circulares com o braço direito levantado e mão esquerda sobre o ventre. Esta caixa pertence às nossas memórias e pertence-me porque foste tu que ma deste num dia chuvoso de Outono. Continua com as gotas de chuva dessa noite que se misturam com as tuas lágrimas. – Toma, guarda isto é para ti, disseste e recordo ao longe a voz da tua mãe a chamar-te, desapareceste e deixaste-me a sós com a caixa e a chuva fria e foste embora, levaste contigo o peso das tuas decisões e certezas do caminho que querias seguir. Nunca mais te vi a partir dessa noite.

A caixa de memórias e a caixa de música é tudo o que tenho de ti. Tenho tudo e muito de ti. Lá na caixa de memórias guardo também todos os despistes loucos que fiz de mim mesmo e nunca foram senão desvios da realidade. Guardo também o vaso onde se encontra o néctar dos teus beijos que se transformaram em poemas assustados que nunca te entreguei. Estes eram apenas meros exercícios ilógicos que transbordavam com a palavra amor em todas os versos.

Há dias em que o vento abre com violência as janelas do sotão e arrasta o pó das memórias e põe a descoberto o teu nome que dá força aos meus braços anestesiados e que te desejam abraçar. Os ventos, esses ventos fortes, provocam um estranho efeito que dão vida a bailarina e a caixa de música começa a emitir sons. Dança bailarina, dança, não te canses de girar, faz-me esquecer a ausência do amor e traz-me à memória os dias felizes outrora sonhados e liberta-me deste colete-de-forças que se tornou a força da tua ausência. Dança bailarina, dança não te canses de girar leva do meu corpo a dor de te esquecer Princesa e a dor ainda maior de te encontrar apenas em pensamentos.

Dança bailarina dança, não te canses de girar.

JM (meu tio) para o seu falecido irmão

Para sempre connosco, meu anjinho. Tenho saudades tuas, tenho agora, como nunca tive.

3 comentários:

Vanessa Santos disse...

que texto lindooooooooooooo, adorei :)

Vanessa Santos disse...

sim é verdade, mas o que estava a tentar transmitir é que a vida não acaba se perdes ou te perdes :)
também segui, obrigado querida *

Devaneios de uma vida disse...

Tão lindooo *.*