Faço 18 anos hoje. Não sei como me sentir em relação a isso. Não sinto nada, na verdade.
Não escrevo nada desde o fim de Novembro.
Aconteceram muitas coisas, desde então. O meu avô morreu. Como estou? Como me sinto em relação a isso? Nada. Não consigo sentir. Será normal? Pergunto-me.
Sinto-me cada vez mais complexa. Não me entendo. Não sei o que quero e sofro com isso. Num dia estou bem, noutro sou a pessoa mais deprimida de sempre. Tão inconstante, tão inconstante!
Desde que partiste sou assim. Toda eu me transformei. Tenho saudades tuas. E, também, saudades do que era quando estavas presente. Eras parte de mim. E o que é que é suposto fazermos quando uma parte de nós desaparece, sem qualquer aviso, sem qualquer chance de preparação?
Acho que ninguém entende. Ora, também nunca dei oportunidade de tal coisa acontecer. Não falo com ninguém. Nem com a mommy, que, supostamente, é quem percebe tudo, é aquele ser omnipresente e omnisciente que temos o prazer de contar sempre, incondicionalmente.
Sabes, temos todos saudades tuas. Nada é igual. Mas isso tu já sabes, estou fartinha de te dizer, não é verdade?
Se te pudesses despedir, fá-lo-ias? Como seria? Pergunto-me tantas vezes. Tenho esse desejo desde aquele dia. Mas, quando penso nisso, não faria sentido. Como é que alguém se despede para sempre? Contudo, podiam ter-me avisado que haveria possibilidade de não te voltar a ver. É normal querer isso. Não achas?
Bom, não vou estar com mais rodeios. Hoje, quando o momento de soprar as velinhas chegou, quando tive oportunidade de pedir os desejos, não pedi nenhum. Bloqueei. Não importa. Só achei que gostarias de saber. O que poderia pedir? Temos tudo, tudo, tudo. E o que mais queríamos é impossível obtermos. Eras tu e o avô, outra vez. Sempre fomos tão perfeitos, Carlinhos. Todos juntos. Tão perfeitos.
O que poderei desejar a não ser acordar todas as manhãs e ver um belo dia de chuva e céu cinzento, como adoro? Ou ouvir os pássaros cantar, os meus bichinhos a ladrar, as minhas tugas a apanhar sol? O Simão a jogar futebol, com aquele sorriso enorme na cara? Ou os pais bem dispostos e divertidos, a família toda com saúde, junta, unida? O que poderei pedir mais senão um bom futuro para o meu irmão? Esse futuro que tanto me preocupa.
Quero mudar o mundo de uma maneira inexplicável. Tornar os Homens bons, humanos (no verdadeiro sentido da palavra), a tratarem-se como irmãos e a não terem outros objetivos a não ser a paz, a união, a saúde. Nunca chegará esse dia, pois não?
Responsabilidades, a partir de agora. Tantas! Nunca ansiei por este momento, a não ser naqueles efémeros instantes em que nos chateamos com os pais e só queremos ser adultos e sair de casa. Isso já passou. Não quero deixar o meu lar, o meu irmão e aqueles que me criaram, que me fizeram a pessoa que sou hoje. Não quero nada disso. E tenho medo. Mas não digo nada.
Estou de parabéns, sejamos sinceros. Marta, parabéns! São 18! Wow! Parabéns à minha rainha, claro está, e ao meu rei. Que são nada mais, nada menos que as pessoas mais importantes para mim, juntamente com o meu piolhinho que eu amo mais que qualquer outra coisa nesta vida.
Parabéns para mim, I guess!
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