terça-feira, 5 de outubro de 2010

Estou com medo do Natal. Estou com medo de estar sem ti. Estou com medo da saudade, da tua ausência, medo da dor que provocas. É o primeiro Natal que passaremos sem ti, foram os primeiros aniversários passados, e que se passarão, sem ti. Os primeiros Santos sem ti. A primeira passagem de ano sem ti. Merda, merda, merda. Como vai ser? Vai ser horrível. Vai ser doloroso. Medonho. Nao quero. É o primeiro ano que digo que nao quero nada que tenha que ver com família reunida, pois dói sempre que estamos juntos e há aquele silêncio. Parece que estamos todos à tua espera. Parece que apenas te atrasaste por algum motivo e que, logo logo, estarás ali, à mesa, connosco.
Este ano poderia ser classificado como o Ano das Desgraças. Quer dizer, o que houve de bom realmente significativo este ano? Nada. E de mau? Bem, penso que poderia estar toda a noite a mencionar o mau. Sim, este ano foi apenas mau.
Hoje estivemos todos juntos, (e tu? Onde estás tu?), e eu olho para esta família e nao vejo aquela família especial e única que sempre fomos. Sempre fomos unidos, em tudo. Lembras-te? Agora nao há nada disso. Sinceramente, e custa-me tanto dizer isto, já nao me apetece nada disto. Nada de "família". Nada de Natais, nada de datas festivas, aniversários, nada de nada. Apetece-me sim passar estas ocasiões. É realmente triste ter que dizer isto, mas é verdade. Sofremos tanto, meu tio.
Amanha faz nove meses que nao estás cá. Caramba, o tempo passa. O tempo passa e eu vou-te esquecendo. Vou esquecendo as tuas feições, o cheiro das tuas camisolas vai enfraquecendo, até se extinguir completamente. Vou esquecendo o teu rosto, as tuas mãos sempre geladas. Vou esquecendo os teus passos de salsa, as tuas gargalhadas. Esquecendo as tuas piadas que me faziam sempre rir, no matter what. E agora? Ninguém te vai substituir. Tu és e serás sempre o Carlinhos de toda a gente. O carinhoso, meigo e muito amigo, Carlinhos. O teu lugar está sempre vazio à mesa, há sempre um espaço vazio, o teu espaço, aquele que nunca ninguém vai ocupar.
Tenho saudades tuas e, neste momento, caem-me lágrimas na face. Lágrimas de tristeza por nao estares aqui, por nao sentir a tua presença, por nao te poder dar um abraço. Que eu tanto quero. E lágrimas de felicidade. Por seres quem és (ainda és, sempre serás), por muito do que sou o dever a ti, por ter tido (e ter) um prazer enorme por fazeres parte da minha família, da minha vida, de mim..

Um beijinho muito, muito grande,
a tua M.
Que este ano passe, e rápido.

2 comentários:

Andreia disse...

Força. Muita, muita! *

Rosa Helena Souza disse...

Tua saudade me fez pensar no que ainda não perdi, me fez ter medo do que o destino reserva, de qualquer coisa que ainda esteja por vir.
Chorei lendo esse texto!

rosahelenasouza.blogspot.com